segunda-feira, 29 de junho de 2009

A campanha da oposição vista por um espanhol que visitou Portugal


«Mención especial merecen los carteles de Ferreira Leite que jalonan las carreteras portuguesas. "Não desista. Todos somos precisos", reza. Pero la desolada foto en blanco y negro de la candidata, sin maquillar, podría hacer pensar a los turistas que visitan el Algarve que se trata del mensaje de una asociación de apoyo a la tercera edad o de prevención del suicidio.»

domingo, 21 de junho de 2009

Parar e Pensar


Tantos (des)governos.
Tanto chorrilho de incompetentes.
Tanto ministro das finanças, que já tivemos ... de aturar.
Alguns deles ou quase todos são ou foram ilustres professores universitários na respectiva matéria, conseguiram acumular a divida publica em 80% do PIB e a divida externa perto dos 100% !!!!
Fantástico !!
Brilhante !!
Gandas profs que temos !!
20 Valores !!
Os meus idolos !!
As minhas referências !!
Recomendo !!
Imaginem se os nossos ex ilustres e actual ministros das finanças tivessem acumulado as dividas a 0 (zero)!?!?
Era proeza digna do registo no World Guiness Book of Records.
Fantástico, não era ?
Curioso, apesar de todos eles terem contribuido para esta situação catastrófica a que chegámos continuam a aparecer nas tvs, nos jornais a dar bitaites em debates ou consultas de opinião, com ares de pessoas muito preocupadas, como ideologos visionistas salvadores da pátria a dar palpites de coisas que eles próprios ou os seus respectivos governos de então não souberam ou não quiseram resolver, mas afinal o que é isto ?
Devem ter sido pequenos equivocos, que não mancham as reputações a ninguem.
Por tudo isso, e pelo que fizeram e não fizeram, pelo que deveriam ter feito e não fizeram estão todos muito bem vistos pela sociedade, pela merda que fizeram e não fizeram e pela merda que deveriam ter feito e não fizeram.
Excelente !!
Parei e será que pensei?

sábado, 20 de junho de 2009

Campanha

Tão amigos que eles eram ou ainda são, conforme as conveniências.
Actualmente não deve nada simpático ter amigos deste calibre, não é sr Cavaco e Silva?

Desculpem mas slogan está mal concebido, deveria de ser "nunca baixamos o braço direito", porque o braço esquerdo é para manter em baixo para dar golpadas no BPN.
Estou a fazer um esforço para descobrir como é que o pé de meia da familia Cavaco e Silva foi parar ao BPN. Coincidências ou pura fuga de "influências" ?

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Discurso – António Barreto

Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades
Santarém, 10 de Junho de 2009
(…)
Senhoras e Senhores,

Dia de Portugal… É dia de congratulação. Pode ser dia de lustro e lugares comuns. Mas também pode ser dia de simplicidade plebeia e de lucidez.

Várias vezes este dia mudou de nome. Já foi de Camões, por onde começou. Já foi de Portugal, da Raça ou das Comunidades. Agora, é de Portugal, de Camões e das Comunidades. Com ou sem tolerância, com ou sem intenção política específica, é sempre o mesmo que se festeja: os Portugueses. Onde quer que vivam.

Há mais de cem anos que se celebra Camões e Portugal. Com tonalidades diferentes, com ideias diversas de acordo com o espírito do tempo. O que se comemora é sempre o país e o seu povo. Por isso o Dia de Portugal é também sempre objecto de críticas. Iguais, no essencial, às expressas por Eça de Queirós, aquando do primeiro dia de Camões. Ele afirmava que os portugueses, mais do que colchas às varandas, precisavam de cultura.

Estranho dia este! Já foi uma “manobra republicana”, como lhe chamou Jorge de Sena. Já foi “exaltação da raça”, como o designaram no passado. Já foi de Camões, utilizado para louvar imperialismos que não eram os dele. Já foi das Comunidades, para seduzir os nossos emigrantes, cujas remessas nos faziam falta. E apenas de Portugal.

Os Estados gostam de comemorar e de se comemorar. Nem sempre sabem associar os povos a tal gesto. Por vezes, quando o fazem, é de modo desajeitado. “As festas decretadas, impostas por lei, nunca se tornam populares”, disse também Eça de Queirós. Tinha razão. Mas devo dizer que temos a felicidade única de aliar a festa nacional a Camões. Um poeta, em vez de uma data bélica. Um poeta que nos deu a voz. Que é a nossa voz. Ou, como disse Eduardo Lourenço, um povo que se julga Camões. Que é Camões. Verdade é que os povos também prezam a comemoração, se nela não virem armadilha ou manipulação.

Comemora-se para criar ou reforçar a unidade. Para afirmar a continuidade. Para reinterpretar o passado. Para utilizar a História a favor do presente. Para invocar um herói que nos dê coesão. Para renovar a legitimidade histórica. São, podem ser, objectivos decentes. Se soubermos resistir à tentação de nos apropriarmos do passado e dos heróis, a fim de desculpar as deficiências contemporâneas.

Não é possível passar este dia sem olharmos para nós. Mas podemos fazê-lo com consciência. E simplicidade.

Garantimos com altivez que Camões é o grande escritor da língua portuguesa e um dos maiores poetas do mundo, mas talvez fosse preferível estudá-lo, dá-lo a conhecer e garantir a sua perenidade.

Afirmamos, com brio, que os portugueses navegadores descobriram os caminhos do mundo nos séculos XV e XVI e que os portugueses emigrantes os percorreram desde então. Mais vale afirmá-lo com o sentido do dever de contribuir para a solidez desta comunidade.

Dizemos, com orgulho, que o Português é uma das seis grandes línguas do mundo. Mas deveríamos talvez dizê-lo com a responsabilidade que tal facto nos confere.

Quando se escolhe um português que nos representa, que nos resume, escolhe-se um herói. Ele é Camões. Podemos festejá-lo com narcisismo. Mas também com a decência de quem nele procura o melhor.

Os nossos maiores heróis, com Camões à cabeça, ilustraram-se pela liberdade e pelo espírito insubmisso. Pela aventura e pelo esforço empreendedor. Pela sua humanidade e, algumas vezes, pela tolerância. Infelizmente, foram tantas vezes utilizados com o exacto sentido oposto: obedientes ou símbolos de uma superioridade obscena.

Ainda hoje soubemos prestar homenagem a Salgueiro Maia. Nele, festejámos a liberdade, mas também aquele homem. Que esta homenagem não se substitua, ritualmente, ao nosso dever de cuidar da democracia.

As comemorações nacionais têm a frequente tentação de sublinhar ou inventar o excepcional. O carácter único de um povo. A sua glória. Mas todos sentimos, hoje, os limites dessa receita nacionalista. Na verdade, comemorar Portugal e festejar os Portugueses pode ser acto de lucidez e consciência. No nosso passado, personificado em Camões, o que mais impressiona é a desproporção entre o povo e os feitos, entre a dimensão e a obra. Assim como esta extraordinária capacidade de resistir, base da “persistência da nacionalidade”, como disse Orlando Ribeiro. Mas que isso não apague ou esbata o resto. Festejar Camões não é partilhar o sentido épico que ele soube dar à sua obra maior, mas é perceber o homem, a sua liberdade e a sua criatividade. Como também é perceber o que fizemos de bem e o que fizemos de mal. Descobrimos mundos, mas fizemos a guerra, por vezes injusta. Civilizámos, mas também colonizámos sem humanidade. Soubemos encontrar a liberdade, mas perdemos anos com guerras e ditaduras.

Fizemos a democracia, mas não somos capazes de organizar a justiça. Alargámos a educação, mas ainda não soubemos dar uma boa instrução. Fizemos bem e mal. Soubemos abandonar a mitologia absurda do país excepcional, único, a fim de nos transformarmos num país como os outros. Mas que é o nosso. Por isso, temos de nos ocupar dele. Para que não sejam outros a fazê-lo.

Há mais de trinta anos, neste dia, Jorge de Sena deixou palavras que ecoam. Trouxe-nos um Camões humano, sabedor, contraditório, irreverente, subversivo mesmo.

Desde então, muito mudou. O regime democrático consolidou-se. Recheado de defeitos, é certo.

Ainda a viver com muita crispação, com certeza. Mas com regras de vida em liberdade.

Evoluiu a situação das mulheres, a sua presença na sociedade. Invisíveis durante tanto tempo, submissas ainda há pouco, as mulheres já fizeram um país diferente.

Mudou até a constituição do povo. A sociedade plural em que vivemos hoje, com vários deuses e credos, com dois sexos iguais, com diversas línguas e muitos costumes, com os partidos e as associações que se queira, seria irreconhecível aos nossos próximos antepassados.

A sociedade e o país abriram-se ao mundo. No emprego, no comércio, no estudo, nas viagens, nas relações individuais e até no casamento, a sociedade aberta é uma novidade recente.

A pertença à União Europeia, timidamente desejada há três décadas, nem sequer por todos, é um facto consumado.

A estes trinta anos pertence também o Estado de protecção social, com especial relevo para o Serviço Nacional de Saúde, a segurança social universal e a escolarização da população jovem. É certamente uma das realizações maiores.

Estas transformações são motivo de regozijo. Mas este não deve iludir o que ainda precisa de mudança. O que não foi possível fazer progredir. E a mudança que correu mal.

A Sociedade e o Estado são ainda excessivamente centralizados. As desigualdades sociais persistem para além do aceitável. A injustiça é perene. A falta de justiça também. 0 favor ainda vence vezes de mais o mérito. O endividamento de todos, país, Estado, empresas e famílias é excessivo e hipoteca a próxima geração. A nossa pertença à União Europeia não é claramente discutida e não provoca um pensamento sério sobre o nosso futuro como nacionalidade independente.

Há poucos dias, a eleição europeia confirmou situações e diagnósticos conhecidos. A elevadíssima abstenção mostrou uma vez mais a permanente crise de legitimidade e de representatividade das instituições europeias. A cidadania europeia é uma noção vaga e incerta. É um conceito inventado por políticos e juristas, não é uma realidade vivida e percebida pelos povos. É um pretexto de Estado, não um sentimento dos povos. A pertença à Europa é, para os cidadãos, uma metafísica sem tradição cultural, espiritual ou política. Os Estados e os povos europeus deveriam pensar de novo, uma, duas, três vezes, antes de prosseguir caminhos sem saída ou falsos percursos que terminam mal. E nós fazemos parte desse número de Estados e povos que têm a obrigação de pensar melhor o seu futuro, o futuro dos Portugueses que vêm a seguir.

É a pensar nessas gerações que devemos aproveitar uma comemoração e um herói para melhor ligar o passado com o futuro.

Não usemos os nossos heróis para nos desculpar. Usemo-los como exemplos. Porque o exemplo tem efeitos mais duráveis do que qualquer ensino voluntarista.

Pela justiça e pela tolerância, os portugueses precisam mais de exemplo do que de lições morais.

Pela honestidade e contra a corrupção, os portugueses necessitam de exemplo, bem mais do que de sermões.

Pela eficácia, pela pontualidade, pelo atendimento público e pela civilidade dos costumes, os portugueses serão mais sensíveis ao exemplo do que à ameaça ou ao desprezo.

Pela liberdade e pelo respeito devido aos outros, os portugueses aprenderão mais com o exemplo do que com declarações solenes.

Contra a decadência moral e cívica, os portugueses terão mais a ganhar com o exemplo do que com discursos pomposos.

Pela recompensa ao mérito e a punição do favoritismo, os portugueses seguirão o exemplo com mais elevado sentido de justiça.

Mais do que tudo, os portugueses precisam de exemplo. Exemplo dos seus maiores e dos seus melhores. O exemplo dos seus heróis, mas também dos seus dirigentes. Dos afortunados, cujas responsabilidades deveriam ultrapassar os limites da sua fortuna. Dos sabedores, cuja primeira preocupação deveria ser a de divulgar o seu saber. Dos poderosos, que deveriam olhar mais para quem lhes deu o poder. Dos que têm mais responsabilidades, cujo “ethos” deveria ser o de servir.

Dê-se o exemplo e esse gesto será fértil! Não vale a pena, para usar uma frase feita, dar “sinais de esperança” ou “mensagens de confiança”. Quem assim age, tem apenas a fórmula e a retórica. Dê-se o exemplo de um poder firme, mas flexível, e a democracia melhorará. Dê-se o exemplo de honestidade e verdade, e a corrupção diminuirá. Dê-se o exemplo de tratamento humano e justo e a crispação reduzir-se-á. Dê-se o exemplo de trabalho, de poupança e de investimento e a economia sentirá os seus efeitos.

Políticos, empresários, sindicalistas e funcionários: tenham consciência de que, em tempos de excesso de informação e de propaganda, as vossas palavras são cada vez mais vazias e inúteis e de que o vosso exemplo é cada vez mais decisivo. Se tiverem consideração por quem trabalha, poderão melhor atravessar as crises. Se forem verdadeiros, serão respeitados, mesmo em tempos difíceis.

Em momentos de crise económica, de abaixamento dos critérios morais no exercício de funções empresariais ou políticas, o bom exemplo pode ser a chave, não para as soluções milagrosas, mas para o esforço de recuperação do país.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Querer ou poder?

Porquê toda esta reflexão? Por muitos motivos, mas um em especial: a aproximação do final do ano lectivo.
"A expressão dificuldades de aprendizagem é actualmente usada para descrever uma perturbação que interfere com a capacidade para guardar, reter, processar ou produzir informação. O IDEA define dificuldades de aprendizagem como "uma perturbação num ou mais dos processos psicológicos básicos envolvidos na compreensão ou no uso da linguagem falada ou escrita, a qual se pode manifestar através de uma capacidade imperfeita para escutar, pensar, falar, ler, escrever, soletrar ou realizar cálculos matemáticos" (Centro Nacional de Informação para Crianças e Jovens com Deficiências, 1992). De acordo com a lei citada, as dificuldades de aprendizagem não incluem problemas de aprendizagem resultantes, principalmente, de deficiências visuais, auditivas ou motoras, de deficiência mental ou de desvantagens ambientais, culturais ou económicas."

Nielsen, L. (1999). Necessidades Educativas Especiais na Sala de Aula. Um Guia para Professores. Porto: Porto Editora.

Deles se diz habitualmente: "Não estuda nada, não quer saber", "Ele tem capacidades mas não as aproveita", "Se ele quisesse poderia melhorar o aproveitamento", "Até participa bem oralmente, mas quando chega aos testes é uma desgraça!". São muitos os alunos que me chegam, encaminhados por professores ou por pais, com este tipo de caracterização: têm capacidades, mas não as aproveitam... O que acontece em muitos casos, não todos, é que apesar de existirem as ditas capacidades, não existem as restantes ferramentas indispensáveis para aceder ao saber. Concretizando, apesar de cognitivamente o aluno apresentar capacidades que se enquadram no que, atendendo à faixa etária, seria previsível, não adquiriu competências básicas de acesso ao saber - por exemplo, tem dificuldades de leitura ou escrita.Num estudo realizado no âmbito da minha tese de mestrado, pude concluir algo que apesar de ser óbvio nem sempre é tido em consideração: existe uma relação fortíssima entre a compreensão leitora e o sucesso escolar. O que constato é que, frequentemente, os alunos, apesar de terem capacidades, não conseguem extrair o significado daquilo que estão a ler. Em muitos casos até descodificam textos muito facilmente, mas na verdade não sabem ler porque apesar de dominarem a técnica da descodificação não dominam a da compreensão.Pensemos num aluno que chegou ao 7.º ano de escolaridade e que não domina a leitura, ou seja, lê mas não consegue extrair o significado do que lê. O que é previsível é que o insucesso se venha a instalar. O aluno até gostaria de ultrapassar as suas dificuldades, mas não saber ler é uma barreira de tal forma limitativa que a tendência para a desmotivação e para o desinvestimento é quase sempre fatal! Apesar de, numa fase inicial, até se ter esforçado, rapidamente concluiu que para ter sucesso precisava mais do que um esforço: são precisas outras ferramentas que não domina. Geralmente, o aluno acaba mesmo por deixar de estudar pois é mais fácil, em termos de auto-estima, admitir que o insucesso resulta de desinteresse e de não estudar do que de falta de capacidades. Em muitos casos, a sensação progressiva de que o esforço não se traduz em resultados positivos leva à adopção de comportamentos disruptivos na sala de aula por parte destes jovens, pois as aulas tornam-se mais divertidas para eles e para os colegas e é sempre melhor o estatuto de malcomportado do que de "burrinho". Este último estatuto é de tal forma doloroso que ninguém o quer.Porquê toda esta reflexão? Por muitos motivos, mas um em especial: a aproximação do final do ano lectivo. Aos conselhos de turma cabe a missão de analisar com mais cuidado a situação dos alunos que se encontrem numa situação de retenção repetida, no sentido de decidir se mais uma retenção será uma medida ajustada àquele estudante. Pois bem... acho que esta análise pode ser tomada em consideração no momento na decisão. Será que o aluno quer e não pode ou pode e não quer?

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Cavaco homenageia o homem a quem há 20 anos recusou pensão

Cavaco Silva vai depositar um coroa de flores junto à estátua de Salgueiro Maia, em Santarém

Quando, esta manhã, Natércia Maia olhar nos olhos do Presidente da República, há-de lembrar-se do primeiro-ministro que, há 20 anos, recusou conceder a Salgueiro Maia uma pensão por "serviços excepcionais ou relevantes prestados ao país". Cavaco Silva que hoje, às dez da manhã, vai depositar uma coroa de flores junto à estátua do capitão de Abril, há-de lembrar-se da polémica provocada por ter concedido a dois inspectores da PIDE, António Bernardo e Óscar Cardoso, a pensão que negou a Salgueiro Maia. Em 1988, o militar solicitou ao governo uma pensão "por serviços excepcionais prestados ao país". O pedido recebeu apreciação positiva - e até obrigatória - do conselho consultivo da PGR que, em Junho de 1989, por unanimidade, declarou que "muito do êxito da revolução se ficou a dever ao comportamento valoroso daquele que foi apodado de Grande Operacional do 25 de Abril". O parecer enviado a Cavaco Silva e Miguel Cadilhe, então primeiro-ministro e ministro das Finanças, respectivamente, ficou amarrado a um silêncio que durou três anos. Em 1992, a recusa é revelada porque se fica a saber que Cavaco Silva "tinha concedido pensões por serviços relevantes prestados ao país" a dois inspectores da PIDE. Um deles estava entre os que fizeram fogo sobre a multidão que estava na rua António Maria Cardoso - causando os únicos mortos da revolução. A revelação provocou uma onda de indignação no país: Francisco Sousa Tavares escreve, no "Público", críticas violentas que acabam em tribunal - as palavras do escritor irritaram os juízes do Supremo Tribunal Militar - e dois meses mais tarde surge a mão de Mário Soares. O Presidente escolhe então o dia das Forças Armadas para condecorar Salgueiro Maia com a Ordem Militar de Torre e Espada. A honra concedido a título póstumo - Salgueiro Maia morreu a 4 de Junho de 1992 - era a única condecoração que podia dar direito a uma pensão. Cavaco Silva vai estar hoje frente-a-frente com o passado, perante um militar que juntou quatro presidentes da República no dia do funeral.

in ionline

terça-feira, 9 de junho de 2009

Discurso de Obama traduzido em português, Cairo - 4 Junho 2009

Sinto-me honrado por estar na cidade atemporal do Cairo e de ter como anfitriãs duas instituições notáveis. Por mais de mil anos, Al Azhar tem se erguido como farol do conhecimento islâmico, e há mais de um século a Universidade do Cairo vem sendo uma fonte do avanço do Egito. Juntas, vocês representam a harmonia entre tradição e progresso. Estou grato por sua hospitalidade e pela hospitalidade do povo do Egito. Também tenho o orgulho de carregar comigo a boa vontade do povo americano e uma saudação de paz das comunidades muçulmanas em meu país: assalaamu alaykum.
Encontramo-nos num momento de tensão entre os Estados Unidos e muçulmanos em todo o mundo --tensão que tem suas raízes em forças históricas que extrapolam qualquer debate político atual. O relacionamento entre o islão e o Ocidente inclui séculos de coexistência e cooperação, mas também conflitos e guerras religiosas. Mais recentemente, a tensão foi alimentada pelo colonialismo, que negou direitos e oportunidades a muitos muçulmanos, e pela Guerra Fria, na qual países de maioria muçulmana com demasiada frequência foram tratados como representantes, sem consideração por suas próprias aspirações. Ademais, as mudanças abrangentes trazidas pela modernidade e a globalização levaram muitos muçulmanos a ver o Ocidente como sendo hostil às tradições do islão.
Extremistas violentos vêm explorando essas tensões numa minoria pequena, mas potente dos muçulmanos. Os ataques de 11 de setembro de 2001 e os esforços contínuos desses extremistas para praticar violências contra civis levaram alguns em meu país a enxergar o islão como sendo inevitavelmente hostil, não apenas à América e aos países ocidentais, mas também aos direitos humanos. Isso vem gerando mais medo e desconfiança.
Enquanto nosso relacionamento for definido por nossas diferenças, vamos empoderar aqueles que semeiam o ódio em lugar da paz e que promovem o conflito em lugar da cooperação que pode ajudar todos nossos povos a alcançar a justiça e a prosperidade. Esse ciclo de desconfiança e discórdia precisa acabar.
Vim para cá para buscar um novo começo entre os Estados Unidos e muçulmanos em todo o mundo; um que seja baseado no interesse mútuo e no respeito mútuo; e um que seja baseado na verdade de que Estados Unidos e islão não são mutuamente excludentes e não precisam competir. Em vez disso, eles se sobrepõem e compartilham princípios comuns: princípios de justiça e progresso, de tolerância e da dignidade de todos os seres humanos.
Faço isso com a consciência de que a transformação não pode acontecer da noite para o dia. Nenhum discurso isolado será capaz de erradicar anos de desconfiança, nem eu, no tempo de que disponho, poderei responder a todas as perguntas complexas que nos trouxeram para este ponto. Mas estou convencido de que, para podermos andar para frente, precisamos dizer abertamente as coisas que temos em nossas corações e que com demasiada frequência são ditas apenas a portas fechadas. É preciso que haja um esforço sustentado para ouvirmos uns aos outros; aprendermos uns com os outros; respeitarmos uns aos outros, e buscar terreno comum. Como nos diz o Sagrado Alcorão, "Seja consciente de Deus e fale a verdade sempre". É isso o que procurarei fazer: falar a verdade ao máximo de minha habilidade, sentindo-me humilde diante da tarefa que temos pela frente e firme em minha crença em que os interesses que compartilhamos como seres humanos são muito mais poderosos que as forças que nos afastam.
Parte dessa convicção tem suas raízes em minha própria experiência. Sou cristão, mas meu pai veio de uma família queniana que inclui gerações de muçulmanos. Quando menino, vivi vários anos na Indonésia e ouvi o chamado do azaan ao raiar do dia e ao cair da noite. Quando jovem, trabalhei em comunidades de Chicago onde muitos encontravam dignidade e paz em sua fé muçulmana.
Como estudioso da história, também conheço a dívida que civilização tem com o islão. Foi o islão--em lugares como a Universidade Al Azhar-- que carregou a luz do saber ao longo de muitos séculos, abrindo caminho para o Renascimento e o Iluminismo na Europa. Foram inovações em comunidades muçulmanas que desenvolveram a ordem da álgebra; nossa bússola magnética e instrumentos de navegação; nossa maestria das penas e da impressão; nossa compreensão de como as doenças se espalham e de como podem ser curadas. A cultura islâmica nos deu arcos majestosos e torres que se elevam ao céu; poesia atemporal e música preciosa; caligrafia elegante e lugares de contemplação pacífica. E, ao longo de toda a história, o islão demonstrou em palavras e atos as possibilidades da tolerância religiosa e da igualdade racial.
Sei, também, que o islão sempre foi uma parte da história da América. O primeiro país a reconhecer o meu foi o Marrocos. Ao assinar o Tratado de Trípoli, em 1796, nosso segundo presidente, John Adams, escreveu: "Os Estados Unidos não têm em si nenhum caráter de inimizade com as leis, a religião ou a tranquilidade dos muçulmanos". E, desde nossa fundação, muçulmanos americanos enriqueceram os Estados Unidos. Eles lutaram em nossas guerras, serviram no governo, defenderam os direitos civis, abriram empresas, lecionaram em nossas universidades, se destacaram em nossas arenas desportivas, ganharam Prêmios Nobel, construíram nosso edifício mais alto e acenderam a tocha olímpica. E quando, recentemente, o primeiro muçulmano americano foi eleito para o Congresso, ele fez o juramento de defender nossa Constituição usando o mesmo Santo Alcorão que um dos fundadores de nosso país, Thomas Jefferson, guardava em sua biblioteca pessoal.
Assim, conheci o islão em três continentes antes de vir para a região onde ele primeiro foi revelado. Essa experiência guia minha convicção de que a parceria entre os EUA e o islão deve ser baseada no que o islão é, e não no que ele não é. E considero que é parte de minha responsabilidade como presidente dos Estados Unidos combater os estereótipos negativos do islão, onde quer que apareçam.
Mas esse mesmo princípio deve se aplicar às percepções muçulmanas da América. Do mesmo modo como muçulmanos não se enquadram em um estereótipo grosseiro, a América não é o estereótipo grosseiro de um império que apenas defende seus próprios interesses. Os Estados Unidos tem sido uma das maiores fontes de progresso que o mundo já conheceu. Nascemos de uma revolução contra um império. Fomos fundados com base no ideal de que todos são criados iguais, e derramamos sangue e lágrimas há séculos para dar sentido a essas palavras dentro de nossas fronteiras e em todo o mundo. Fomos moldados por todas as culturas, vindas de todos os cantos da Terra, e somos dedicados a um conceito simples: "E pluribus unum" -- "A partir de muitos, um só".
Muita coisa já foi dita sobre o facto de um afro-americano com o nome Barack Hussein Obama ter podido ser eleito presidente. Mas minha história pessoal não é tão singular. O sonho da oportunidade para todas as pessoas não se realizou para todos na América, mas sua promessa existe para todos os que chegam a nosso país. Isso inclui quase sete milhões de muçulmanos americanos em nosso país, hoje, que gozam de renda e educação acima da média.
Ademais, a liberdade, na América, é inseparável da liberdade de praticar sua própria religião. É por isso que existe uma mesquita em cada Estado de nossa União e que há mais de 1.200 mesquitas dentro de nossas fronteiras. É por isso que o governo americano foi ao tribunal para proteger o direito de mulheres e meninas usarem o hijab e para punir aqueles que gostariam de lhes negar esse direito.
Que não haja dúvida, portanto: o islão é uma parte da América. E acredito que a América encerra nela a verdade de que, independentemente de raça, religião ou status na vida, todos nós compartilhamos aspirações comuns de viver em paz e segurança; de ter acesso à educação e de trabalhar com dignidade; de amar nossas famílias, nossas comunidades e nosso Deus. Essas coisas nós compartilhamos. Essa é a esperança de toda a humanidade.
É claro que reconhecer nossa humanidade comum é apenas o começo de nossa tarefa. As palavras, por si sós, não podem atender às necessidades de nosso povo. Essas necessidades só serão atendidas se agirmos com ousadia nos anos que estão por vir; e se reconhecermos que os desafios que enfrentamos são comuns, e que nossa falha em fazer frente a eles vai prejudicar a nós todos.
Pois aprendemos com a experiência recente que, quando um sistema financeiro se enfraquece em um país, a prosperidade é prejudicada em toda parte. Quando uma nova gripe infecta um ser humano, todos estão em risco. Quando um país procura dotar-se de uma arma nuclear, o risco de ataque nuclear cresce para todos os países. Quando extremistas violentos operam em uma cadeia montanhosa, pessoas do outro lado de um oceano correm perigo. E, quando inocentes são massacrados na Bósnia e em Darfur, isso é uma mancha que macula nossa consciência coletiva. É isso o que significa compartilhar este mundo no século 21. É essa a responsabilidade que carregamos uns em relação aos outros, como seres humanos.
Esta é uma responsabilidade difícil de assumir. Pois a história humana frequentemente tem sido um registro de nações e tribos subjugando uns aos outros para atender a seus próprios interesses. Nesta nova era, porém, atitudes como essas derrotam seus próprios objectivos. Em vista de nossa interdependência, qualquer ordem mundial que eleve um país ou grupo de pessoas acima de outro fracassará inevitavelmente. Portanto, sempre que pensarmos no passado, não devemos ser prisioneiros dele. Nossos problemas precisam ser enfrentados através da parceria; o progresso precisa ser compartilhado.
Isso não significa que devamos ignorar as fontes de tensão. Na verdade, sugere o contrário: precisamos enfrentar essas tensões sem rodeios. E assim, dentro desse espírito, permitam que eu fale com a maior clareza e franqueza possíveis sobre algumas questões específicas que creio que finalmente precisamos enfrentar juntos.
A primeira questão que precisamos enfrentar é o extremismo violento sob todas suas formas.
Em Ancara, deixei claro que a América não está e nunca estará em guerra com o islão. Entretanto, vamos confrontar implacavelmente os extremistas violentos que lançam uma ameaça grave a nossa segurança. Porque rejeitamos a mesma coisa que todas as pessoas de todas as religiões rejeitam: a matança de homens, mulheres e crianças inocentes. E meu primeiro dever como presidente é proteger a população americana.
A situação no Afeganistão demonstra as metas da América e nossa necessidade de trabalharmos em conjunto. Mais de sete anos atrás, os Estados Unidos perseguiram a Al Qaeda e o Taleban com amplo apoio internacional. Não fomos lá por nossa própria escolha, fomos por necessidade. Tenho consciência de que algumas pessoas questionam ou justificam os acontecimentos do 11 de Setembro. Mas sejamos claros: a Al Qaeda matou quase 3.000 pessoas nesse dia. As vítimas foram homens, mulheres e crianças inocentes da América e de muitas outras nações, que não tinham feito nada para fazer mal a ninguém. No entanto, a Al Qaeda optou por assassinar impiedosamente essas pessoas, reivindicou o crédito pelo ataque, e até hoje declara sua determinação de matar em escala maciça. Ela tem filiados em muitos países e está tentando ampliar seu alcance. Essas não são opiniões a serem debatidas--são fatos que é preciso enfrentar.
Que ninguém se iluda: não queremos manter nossas tropas no Afeganistão. Não procuramos ter bases militares ali. É extremamente sofrido para a América perder nossos jovens, homens e mulheres. É custoso e politicamente difícil levar esse conflito adiante. Ficaríamos mais que felizes em trazer cada um de nossos soldados para casa, se pudéssemos confiar que não há extremistas violentos no Afeganistão e Paquistão determinados a matar o maior número possível de americanos. Mas esse ainda não é o caso.
É por isso que formamos uma parceria com uma coalizão de 46 países. E, apesar dos custos envolvidos, o engajamento dos EUA não vai se enfraquecer. De fato, nenhum de nós deveria tolerar esses extremistas. Eles já mataram em muitos países. Mataram pessoas de diferentes religiões--mais que qualquer outra, mataram muçulmanos. Suas ações são irreconciliáveis com os direitos dos seres humanos, com o progresso das nações e com o islão. O Sagrado Alcorão ensina que aquele que mata um inocente, é como se tivesse matado toda a humanidade; e que aquele que salva uma pessoa, é como se tivesse salvo toda a humanidade. A fé duradoura de mais de 1 bilião de pessoas é tão maior que o ódio estreito de algumas poucas. O islão não é parte do problema do combate ao extremismo violento--é uma parte importante da promoção da paz.
Também sabemos que o poderio militar, por si só, não será capaz de resolver os problemas no Afeganistão e Paquistão. É por isso que pretendemos investir US$1,5 bilião por ano nos próximos cinco anos para formar uma parceria com os paquistaneses para a construção de escolas e hospitais, estradas e empresas, e centenas de milhões para ajudar as pessoas que foram deslocadas. E é por isso que estamos providenciando mais de US$2,8 biliões para ajudar afegãos a desenvolver sua economia e a providenciar serviços dos quais as pessoas dependem. Permitam também que eu trate da questão do Iraque. Diferentemente do Afeganistão, o Iraque foi uma guerra travada por opção e que provocou fortes divergências em meu país e em todo o mundo. Embora eu acredite que, em última análise, o povo iraquiano esteja melhor sem a tirania de Saddam Hussein, também acredito que os factos no Iraque fizeram a América recordar a necessidade de usar a diplomacia e construir consensos internacionais para resolver nossos problemas, sempre que possível. De facto, podemos recordar as palavras de Thomas Jefferson, que disse: "Espero que nossa sabedoria cresça juntamente com nosso poder, ensinando-nos que, quanto menos empregarmos nosso poder, maior ele será".
Hoje a América tem uma responsabilidade dupla: ajudar o Iraque a forjar um futuro melhor e deixar o Iraque para os iraquianos. Já deixei claro para o povo do Iraque que não queremos bases em seu país e não reivindicamos seu território ou seus recursos. A soberania do Iraque é dele mesmo. Foi por isso que ordenei a retirada de nossas brigadas de combate até o próximo mês de agosto. É por isso que vamos honrar nosso acordo com o governo iraquiano democraticamente eleito de retirar as tropas de combate das cidades iraquianas até julho e de retirar todas nossas tropas do Iraque até 2012. Vamos ajudar o Iraque a treinar suas forças de segurança e desenvolver sua economia. Mas vamos apoiar um Iraque seguro e unido como parceiro, jamais como patrono.
E, finalmente, assim como a América nunca poderá tolerar a violência de extremistas, não devemos nunca alterar nossos princípios. O 11 de Setembro foi um trauma enorme para nosso país. O medo e ódio que provocou foram compreensíveis, mas, em alguns casos, nos levaram a agir contrariamente a nossos ideais. Estamos tomando medidas concretas para mudar de rumo. Proibi inequivocamente o uso de tortura pelos Estados Unidos e ordenei o fechamento da prisão de Guantánamo até o início do próximo ano.
Assim, a América vai se defender, respeitando a soberania das nações e o estado de direito. E vamos fazê-lo em parceria com comunidades muçulmanas que também estão ameaçadas. Quanto antes os extremistas forem isolados e não se sentirem bem-vindos nas comunidades muçulmanas, mais cedo todos nós estaremos em mais segurança.
A segunda importante fonte de tensão que precisamos discutir é a situação entre israelitas, palestinianos e o mundo árabe.
Os laços fortes da América com Israel são fartamente conhecidos. Esse elo é inquebrável. É baseado em laços culturais e históricos e no reconhecimento de que a aspiração a uma pátria judaica tem suas raízes numa história trágica que não pode ser negada.
Em todo o mundo, o povo judeu foi perseguido durante séculos, e o antissemitismo na Europa culminou em um Holocausto sem precedentes. Amanhã vou visitar Buchenwald, que foi parte de uma rede de campos nos quais judeus foram escravizados, torturados, fuzilados e mortos em câmaras de gás pelo Terceiro Reich. Seis milhões de judeus foram mortos--mais que toda a população judaica de Israel, hoje. Negar esse fato é infundado, ignorante e odioso. Ameaçar Israel de destruição ou repetir estereótipos vis sobre os judeus é profundamente errado e serve apenas para evocar essa mais dolorosa das memórias na mente dos judeus, ao mesmo tempo em que impede a paz que a população desta região merece.
Por outro lado, também é inegável que o povo palestiniano--muçulmanos e cristãos--vem sofrendo em busca de uma pátria própria. Há mais de 60 anos os palestinianos suportam a dor do deslocamento. Muitos aguardam em campos de refugiados na Cisjordânia, Faixa de Gaza e terras vizinhas por uma vida de paz e segurança que eles nunca puderam viver. Eles sofrem as humilhações diárias, grandes e pequenas, que acompanham a ocupação. Portanto, que não haja dúvida: a situação do povo palestiniano é intolerável. A América não dará as costas à legítima aspiração palestina por dignidade, oportunidade e um Estado próprio.
Um impasse se mantém há décadas: dois povos com aspirações legítimas, cada um dotado de uma história dolorosa que torna um acordo difícil de encontrar. É fácil apontar culpados--é fácil para os palestinianos apontarem para o deslocamento causado pela fundação de Israel, e para os israelitas apontarem para a hostilidade e os ataques constantes ao longo de sua história, tanto dentro de suas fronteiras quanto vindos de fora. Mas, se olharmos para esse conflito apenas desde um lado ou do outro, ficaremos cegos para a verdade: que a única solução é que as aspirações dos dois lados sejam atendidas através de dois Estados, em que israelitas e palestinianos vivam, de cada lado, em paz e segurança.
Isso é do interesse de Israel, é do interesse da Palestina, é do interesse da América e é do interesse do mundo. É por isso que eu pretendo pessoalmente trabalhar por essa solução com toda a paciência que a tarefa exige. As obrigações com as quais as partes concordaram, sob o mapa do caminho, são claras. Para que a paz aconteça, é hora de elas--e todos nós-- cumprirem suas responsabilidades.
Os palestinianos precisam abandonar a violência. A resistência através de violência e matança é errada e não tem êxito. Durante séculos os negros na América sofreram o açoite do chicote, como escravos, e a humilhação da segregação. Mas não foi a violência que conquistou direitos plenos e iguais. Foi a insistência pacífica e resoluta sobre os ideais centrais da fundação da América. Essa mesma história pode ser contada por povos da África do Sul ao sul da Ásia; da Europa do leste à Indonésia. É uma história que encerra uma verdade simples: que a violência é um beco sem saída. Não é sinal de coragem ou de poder disparar foguetes contra crianças que dormem ou detonar bombas que matam idosas em um autocarros. Não é assim que se reivindica autoridade moral--é assim que ela é perdida.
Agora é o momento para os palestinianos focarem sobre o que podem construir. A Autoridade Palestina precisa desenvolver sua capacidade de governar, com instituições que atendam às necessidades de seu povo. O Hamas tem o apoio de alguns palestinianos, mas também tem responsabilidades. Para exercer um papel na realização das aspirações palestinas, e para unificar o povo palestino, o Hamas precisa pôr fim à violência, reconhecer os acordos passados e reconhecer o direito de Israel à existência.
Ao mesmo tempo, os israelitas precisam reconhecer que, assim como o direito de Israel à existência não pode ser negado, tampouco o da Palestina pode ser negado. Os Estados Unidos não aceitam a legitimidade da continuidade dos assentamentos israelitas. Essa construção viola acordos prévios e solapa os esforços para conquistar a paz. É hora de esses assentamentos pararem.
Israel também precisa cumprir suas obrigações de assegurar que os palestinianos possam viver, trabalhar e desenvolver sua sociedade. E, assim como devasta famílias palestinas, a crise humanitária contínua na Faixa de Gaza não favorece a segurança de Israel, como também não a favorece a contínua ausência de oportunidades na Cisjordânia. O progresso na vida diária do povo palestino precisa fazer parte de um caminho que leve à paz, e Israel precisa tomar medidas concretas para possibilitar esse progresso.
Finalmente, os Estados árabes devem reconhecer que a Iniciativa Árabe de Paz foi um começo importante, mas não o fim de suas responsabilidades. O conflito árabe-israelita não deve mais ser usado para desviar a atenção da população dos países árabes de seus problemas. Em lugar disso, deve ser uma causa de acção para ajudar o povo palestino a desenvolver as instituições que vão sustentar seu Estado; para reconhecer a legitimidade de Israel, e para optar pelo progresso, em lugar da atenção sobre o passado, que provoca o fracasso de seus objectivos.
A América vai alinhar nossas políticas com aqueles que buscam a paz e dizer em público o que dizemos reservadamente a israelitas, palestinianos e árabes. Não podemos impor a paz. Reservadamente, porém, muitos muçulmanos reconhecem que Israel não vai desaparecer. Do mesmo modo, muitos israelitas reconhecem a necessidade de um Estado palestiniano. É hora de agirmos com base naquilo que todos sabemos ser verdade.
Lágrimas demais já foram derramadas. Sangue demais já foi vertido. Todos nós temos a responsabilidade de trabalhar em prol do dia em que as mães de israelitas e palestinianas poderão ver seus filhos crescer sem medo; quando a Terra Santa de três grandes religiões for o lugar de paz que Deus quis que fosse; em que Jerusalém será um lar seguro e duradouro para judeus, cristãos e muçulmanos, e um lugar para todos os filhos de Abraão se encontrarem em paz, como na história de Isra, em que Moisés, Jesus e Mohammed (que a paz esteja com eles) se uniram em oração.
A terceira fonte de tensão é nosso interesse comum nos direitos e responsabilidades das nações com relação às armas nucleares.
Essa questão tem sido fonte de tensão entre os Estados Unidos e a República Islâmica do Irão. Há muitos anos o Irão vem se definindo em parte por sua oposição a meu país, e há de facto uma história turbulenta entre nós. No meio da Guerra Fria, os Estados Unidos desempenharam um papel no derrube de um governo iraniano democraticamente eleito. Desde a Revolução Islâmica, o Irão tem desempenhado um papel em actos de sequestros de reféns e violência contra tropas e civis dos EUA. Essa história é fartamente conhecida. Em lugar de permanecermos presos no passado, deixei claro aos líderes e à população do Irão que meu país está disposto a andar para frente. A questão, agora, não é contra quem o Irão está, mas sim que futuro quer construir.
Será difícil superar décadas de desconfiança, mas vamos proceder com coragem, retidão e determinação. Haverá muitas questões a discutir entre nossos dois países, e estamos dispostos a avançar sem pré-condições, sobre uma base de respeito mútuo. Mas está claro para todos os envolvidos que, quando se trata de armas nucleares, chegamos a um ponto decisivo. Não se trata simplesmente dos interesses da América. Trata-se de impedir uma corrida por armas nucleares no Oriente Médio que pode conduzir esta região e o mundo por um caminho enormemente perigoso.
Compreendo aqueles que protestam que alguns países possuem armas que outros não têm. Nenhum país isolado deveria escolher quais países possuem armas nucleares. Por isso reafirmei fortemente o compromisso da América em buscar um mundo no qual nenhum país tenha armas nucleares. E qualquer país--incluindo o Irão--deve ter o direito à energia nuclear pacífica, se cumprir com suas responsabilidades sob o Tratado de Não Proliferação Nuclear. Esse compromisso está ao cerne do Tratado e deve ser respeitado por todos os que o obedecem plenamente. E tenho a esperança de que todos os países na região possam compartilhar essa meta.
A quarta questão da qual vou tratar é a democracia.
Sei que tem havido muita controvérsia em torno da promoção da democracia nos últimos anos, e boa parte dessa controvérsia está ligada à guerra no Iraque. Então permitam que eu seja claro: nenhum sistema de governo pode ou deve ser imposto a um país por qualquer outro país.
Isso, entretanto, não diminui meu comprometimento com os governos que refletem a vontade de suas populações. Cada país dá vida a esse princípio à sua própria maneira, fundamentada nas tradições de seu próprio povo. A América não presume saber o que é melhor para todos, assim como não nos arrogaríamos o direito de escolher o resultado de uma eleição pacífica. Mas acredito inabalavelmente que todas as pessoas anseiam por certas coisas: a possibilidade de declarar o que você pensa e ter voz na maneira como é governado; a confiança no estado de direito e na justiça igual para todos; em um governo que é transparente e não rouba da população; na liberdade de viver como você escolhe viver. Essas não são apenas idéias americanas, são direitos humanos, e é por isso que nós os apoiaremos em todo lugar.
Não existe uma linha recta que conduza à realização dessa promessa. Mas uma coisa é clara: que os governos que protegem esses direitos são, em última instância, mais estáveis, bem sucedidos e seguros. Reprimir idéias nunca consegue fazer com que desapareçam. A América respeita o direito de todas as vozes pacíficas e respeitadoras das leis serem ouvidas em todo o mundo, mesmo que discordemos delas. E vamos saudar todos os governos eleitos e pacíficos, desde que governem com respeito por todas suas populações.
Este último ponto é importante, porque há alguns que advogam a democracia apenas quando não estão no poder; uma vez chegados ao poder, são implacáveis na repressão dos direitos dos outros. Não importa onde deite raízes, o governo do povo e pelo povo fixa um padrão único para todos os que detêm o poder: vocês precisam manter seu poder através do consentimento, não da coerção; precisam respeitar os direitos das minorias e participar com um espírito de tolerância e conciliação; precisam colocar os interesses de sua população e a operação legítima do processo político acima dos interesses de seu partido. Sem esses ingredientes, as eleições, por si sós, não fazem uma democracia verdadeira.
A quinta questão da qual precisamos tratar juntos é a liberdade religiosa.
O islão possui uma nobre tradição de tolerância. Nós a vemos na história da Andaluzia e de Córdoba durante a Inquisição. Eu a vi em primeira mão como criança, na Indonésia, onde cristãos devotos praticavam sua religião livremente num país de avassaladora maioria muçulmana. É esse o espírito de que precisamos hoje. As pessoas em todos os países devem ser livres para escolher e viver sua fé baseadas na persuasão de suas mentes, corações e almas. Essa tolerância é essencial para que a religião floresça, mas vem sendo contestada de muitas maneiras diferentes.
Existe entre alguns muçulmanos uma tendência perturbadora a medir sua própria fé pela rejeição da fé de outro. A riqueza da diversidade religiosa precisa ser defendida, quer seja para os maronitas no Líbano ou para os coptas no Egito. E é preciso que sejam fechadas também as divisões entre muçulmanos, já que as divisões entre sunitas e xiitas já levaram a violência trágica, particularmente no Iraque.
A liberdade de religião é fundamental para a capacidade de convivência dos povos. Precisamos sempre examinar as maneiras pelas quais a protegemos. Por exemplo, nos Estados Unidos as normas sobre as doações de caridade vêm dificultando o cumprimento pelos muçulmanos de sua obrigação religiosa. É por isso que estou engajado em trabalhar com muçulmanos americanos para assegurar que possam cumprir a zakat.
Do mesmo modo, é importante que os países ocidentais evitem impedir cidadãos muçulmanos de praticar a religião da maneira que lhes convém, por exemplo ditando que roupas uma mulher muçulmana deve trajar. Não podemos disfarçar a hostilidade em relação a qualquer religião por trás de um pretenso liberalismo.
De facto, a fé deve nos unir. É por isso que estamos forjando na América projectos de serviço que reúnam cristãos, muçulmanos e judeus. É por isso que saudamos esforços como o diálogo Interfés do rei saudita Abdullah e a liderança da Turquia na Aliança de Civilizações. Em todo o mundo, poderemos converter o diálogo em serviços Interfés, para que pontes entre povos possam levar a acções, quer sejam o combate à malária na África ou a prestação de assistência após um desastre natural.
A sexta questão da qual quero tratar é a dos direitos das mulheres.
Sei que há um debate sobre essa questão. Rejeito a visão de alguns no Ocidente de que uma mulher que opta por cobrir seus cabelos de alguma maneira goza de menos igualdade, mas acredito que uma mulher à qual é negada a educação tem sua igualdade negada. E não é coincidência que os países em que as mulheres são altamente instruídas têm muito mais tendência a serem prósperos.
Permitem que eu fale com clareza: as questões relativas à igualdade das mulheres não são, de maneira alguma, uma questão apenas do islão. Na Turquia, no Paquistão, em Bangladesh e na Indonésia já vimos países de maioria muçulmana elegerem uma mulher para liderá-los. Enquanto isso, a luta pela igualdade das mulheres continua em muitos aspectos da vida americana e em outros países pelo mundo fora.
Nossas filhas podem contribuir para a sociedade tanto quanto nossos filhos, e nossa prosperidade comum será favorecida por permitir a toda a humanidade, homens e mulheres, alcançar seu potencial pleno. Não acredito que as mulheres devam fazer as mesmas escolhas que os homens para serem iguais, e respeito as mulheres que optam por viver suas vidas cumprindo papéis tradicionais. Mas isso deve ser escolha delas. É por isso que os Estados Unidos formarão parcerias com qualquer país de maioria muçulmana para defender o aumento da alfabetização de meninas e para ajudar as mulheres jovens a buscar empregos através do microfinanciamento que ajuda pessoas a realizarem seus sonhos.
Finalmente, quero falar do desenvolvimento econômico e das oportunidades.
Sei que, para muitos, o rosto da globalização é contraditório. A Internet e a televisão podem trazer conhecimentos e informação, mas também sexualidade ofensiva e violência insensata. O comércio pode trazer novas riquezas e oportunidades, mas também perturbações enormes e mudanças em comunidades. Em todos os países, incluindo o meu, essas mudanças podem suscitar medo. Medo que, devido à modernidade, possamos perder o controle sobre nossas escolhas econômicas, nossa política e, o que é mais importante, nossas identidades--as coisas que mais prezamos em nossas comunidades, nossas famílias, nossas tradições e nossa fé.
Mas sei também que o progresso humano não pode ser negado. Não é preciso haver contradição entre desenvolvimento e tradição. Países como Japão e Coreia do Sul fizeram suas economias crescer ao mesmo tempo em que conservaram suas culturas distintas. O mesmo se aplica ao progresso espantoso verificado em países de maioria muçulmana, de Kuala Lumpur a Dubai. Na antiguidade e nos nossos tempos, as comunidades muçulmanas estiveram na vanguarda das inovações e da educação.
Isso é importante, porque nenhuma estratégia de desenvolvimento pode ser baseada unicamente no que brota da terra, nem pode ser sustentada quando jovens estiverem sem emprego. Muitos Estados do Golfo vêm desfrutando grande riqueza em consequência do petróleo, e alguns estão começando a focar o desenvolvimento mais amplo. Mas todos nós precisamos reconhecer que a educação e a inovação serão a moeda forte do século 21, e numa parte grande demais das comunidades muçulmanas ainda há escassez de investimento nessas áreas. Estou enfatizando tais investimentos em meu país. E, enquanto a América no passado focou o petróleo e o gás nesta parte do mundo, hoje procuramos um engajamento mais amplo.
Em relação à educação, vamos ampliar os programas de intercâmbio e aumentar as bolsas de estudos, como aquela que trouxe meu pai para a América, ao mesmo tempo encorajando mais americanos a estudar em comunidades muçulmanas. E vamos procurar estágios na América para estudantes muçulmanos promissores; vamos investir em estudos online para professores e alunos em todo o mundo, e criar uma nova rede online, para que um adolescente no Kansas possa comunicar-se instantaneamente com um adolescente no Cairo.
Com relação ao desenvolvimento econômico, vamos criar um novo corpo de voluntários empresariais para formar parcerias com contrapartes em países de maioria muçulmana. Este ano serei anfitrião de uma Cúpula sobre o Empreendedorismo, para identificar como podemos aprofundar os laços entre líderes empresariais, fundações e empreendedores sociais nos Estados Unidos e em comunidades muçulmanas em todo o mundo.
Com relação à ciência e tecnologia, vamos lançar um fundo novo para apoiar o desenvolvimento tecnológico em países de maioria muçulmana e para ajudar a transferir idéias para o mercado, para que possam gerar empregos. Vamos abrir centros de excelência científica na África, no Oriente Médio e no sudeste da Ásia; vamos nomear novos enviados científicos para colaborarem em programas que desenvolvam novas fontes de energia, gerem empregos verdes, digitalizem registros, purifiquem água e cultivem plantações novas. E estou anunciando hoje um novo esforço global em conjunto com a Organização da Conferência Islâmica, para a erradicação da poliomielite. E também vamos ampliar parcerias com comunidades muçulmanas para promover a saúde infantil e materna.
Todas essas coisas precisam ser feitas em parceria. Os americanos estão dispostos a unirem seus esforços a cidadãos e governos, organizações comunitárias, líderes religiosos e empresas em comunidades muçulmanas em todo o mundo, para ajudar nossas populações a buscarem uma vida melhor.
As questões que descrevi não serão fáceis de tratar. Mas temos a responsabilidade de nos unirmos em prol do mundo que buscamos: um mundo em que extremistas não mais ameacem nossos povos, em que as tropas americanas terão voltado para casa; um mundo em que israelitas e palestinianos estejam seguros em seus próprios Estados, e em que a energia nuclear seja empregada para finalidades pacíficas; um mundo em que os governos sirvam os seus cidadãos e em que sejam respeitados os direitos de todos os filhos de Deus. Esses são interesses mútuos. Esse é o mundo que buscamos. Mas só poderemos conquistá-lo juntos.
Sei que existem muitos muçulmanos e não muçulmanos que questionam se conseguiremos forjar este novo começo. Alguns estão ansiosos por alimentar as chamas da divisão e obstruírem o caminho do progresso. Alguns sugerem que não vale a pena--que estamos fadados a discordar e que as civilizações estão fadadas a entrar em conflito. Muitos mais simplesmente são cépticos quanto às possibilidades de ocorrer uma mudança real. Há tanto medo, tanta desconfiança. Mas, se optarmos por ficarmos presos ao passado, nunca avançaremos. E quero dizer isto particularmente aos jovens de todas as religiões, em todos os países: vocês, mais que ninguém, têm a capacidade de refazer este mundo.
Todos nós compartilhamos este mundo apenas por um momento breve no tempo. A questão é se vamos passar esse tempo focando aquilo que nos divide ou se vamos nos engajar em um esforço--um esforço sustentado--para encontrar terreno comum, para focar no futuro que buscamos para nossos filhos e para respeitar a dignidade de todos os seres humanos.
É mais fácil começar guerras do que encerrá-las. É mais fácil atribuir culpas aos outros do que olhar para dentro; enxergar o que é diferente nos outros do que identificar as coisas que temos em comum. Mas devemos escolher o caminho correcto, não apenas o caminho fácil. Existe também uma regra que está ao cerne de todas as religiões: que devemos fazer aos outros o que gostaríamos que os outros fizessem connosco. Essa verdade transcende as nações e os povos. É uma crença que não é nova; que não é negra, nem branca, nem parda; que não é cristã, muçulmana ou judaica. É uma crença que vibrou no berço da civilização e que ainda bate no coração de biliões de pessoas. É a fé em outras pessoas, e foi isso o que me trouxe aqui, hoje.
Temos o poder de criar o mundo que almejamos, mas apenas se tivermos a coragem de criar um novo começo, mantendo em mente aquilo que foi escrito.
O Sagrado Alcorão nos diz: "Ó humanidade! Nós os criamos homens e mulheres; e os criamos em nações e tribos para que vocês possam conhecer uns aos outros".
O Talmud nos diz: "A totalidade da Torá tem a finalidade de promover a paz".
A Bíblia Sagrada nos diz: "Abençoados sejam os que fazem a paz, pois eles serão chamados filhos de Deus".
Os povos do mundo podem conviver em paz. Sabemos que essa é a visão de Deus. Agora esse precisa ser nosso trabalho aqui na Terra. Obrigado. E que a paz do Senhor esteja com vocês.

domingo, 7 de junho de 2009

Eleições para o Parlamento Europeu

Hoje é dia de eleições para o Parlamento Europeu.
Ao dirigir-me para o local de voto comecei a sentir um borbulhar de indignação e revolta pelo facto de estar a contribuir para a eleição de deputados que vão auferir um ordenado 8 vezes superior ao meu. Revoltante não é, estar a votar em alguém que supostamente me irá representar os meus ideais politicos em Bruxelas e que ao fim ao cabo, me irá beneficiar com uma mão cheia de nada enquanto que estes senhores que vivem à custa da politica irão angariar para os seus bolsos qualquer coisa como 364.000 € ao fim dos 4 anos do mandato, enquanto eu nos mesmos 4 anos ganho aproximadamente 48.000 €.
Depois é ve-los com grandes carros topo de gama, bem vestidos por marcas italianas ou francesas, grandes vivendas, belas férias nas zonas mais paradisiacas do mundo a pavonearem-se como se de barões tratassem, enquanto o comum do povinho contenta-se a "sobreviver" às politicas que estes senhores implementam vindas de Bruxelas e a passar férias na Costa da Caparica porque o dinheiro não dá para mais.
Chama-se a isto desigualdade, palavra esta que tanto defendem e tentam segundo eles, eliminar ou pelo menos diminuir, o grande fosso entre as classes sociais para que exista uma sociedade mais justa.
Não consigo aceitar este "desaforo" financeiro de maneira alguma.
Por muito importante que seja o trabalho destes senhores, não consigo nem nunca irei admitir de modo algum que o meu trabalho seja assim tão desvalorizado em relação ao trabalho dos senhores eurodeputados.

Relembrando palavras de um saudoso e querido colega que infelizmente já não se encontra entre nós ( Joaquim Espirito Santo ) "o trabalho deles é fêmea e o meu é macho".
Durante os 15 dias de propaganda eleitoral, não há um unico candidato que não fale que vai defender o povo, mas será mesmo assim na realidade ?
Alguem vê algum usufruto directo do "trabalho" destes senhores ? Pago para ver !
E depois ainda ficam todos muito indignados, tristes, fazem debates e meditam para identificarem as razões que levam as pessoas a alhearem-se dos actos eleitorais.
Eu votei naquele "partido" que ganha sempre as eleições ...